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Jornalistas do “Público” e da “Visão” no Gabinete

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Mariana Correia Pinto e Miguel Carvalho, ambos jornalistas portugueses de dois dos maiores veículos da comunicação escrita portuguesa, escolheram a cidade de Salvador para usufruírem das suas merecidas férias.

Apesar desta viagem ter tido um caráter meramente pessoal, os dois fizeram questão de conhecer as origens do Gabinete Português de Leitura da Bahia, as suas histórias e o seu edifício.

Escutaram com muita atenção e tomaram notas sobre o que tínhamos para contar sobre a instituição Gabinete desde os seus primórdios, passando pela composição sociológica das gerações de migrantes portugueses que fizeram e ainda compõem os corpos sociais desta entidade ao longo dos seus 156 anos, algumas referências aos grandes personagens da literatura, filosofia, história e política que por ali têm passado – com destaque e reverência para os grandes dignitários e para o filósofo Agostinho da Silva.

Falamos também da influência e penetração do Gabinete junto dos vários setores sociais, intelectuais e acadêmicos (sobretudo baianos e portugueses), mas também do esforço e resiliência totalmente voluntários, na manutenção de uma entidade secular, com tão poucos recursos.

Neste quesito, além de evidenciarmos as necessidades de se obter financiamento célere para se colmatar evidências de reparo urgente, comentamos também a receptividade positiva por parte do grande público, sobre as nossas redes sociais, tanto no que é o DNA natural do Gabinete “leitura em português para formar indivíduos”, que se traduzem em milhares de visualizações dos artigos que vão sendo publicados no nosso blogue, como pela aceitação pública de novos projetos, como é exemplo a Rádio Nova da Língua Portuguesa, projeto que pretende divulgar os vários sotaques e sonoridades de pessoas falantes em português ao redor do planeta, dando privilégio à música, como instrumento universal de comunicação e assimilação.

Da sua visita pela cidade de Salvador, sentiram-se profundamente tocados por uma missa que presenciaram na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, pela forma como foram recebidos na Casa do Rio Vermelho, pela essência do que é a vida nos subúrbios da grande Salvador, além de terem ficado bastante sugestionados com as condições em que resiste o Gabinete Português de Leitura da Bahia.

Sobre os visitantes:

Mariana Correia Pinto é jornalista do diário português o Público, fez parte da equipa fundadora do P3, desenvolveu durante um ano, um projeto no Facebook em parceria com o fotojornalista Manuel Roberto “Porto Olhos nos Olhos”. e publicou o livro “Porto última Estação”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Miguel Carvalho é jornalista na Revista portuguesa Visão, tendo já passado pelo “Diário de Notícias” e pelo semanário “O Independente“, é autor, até à data, de 6 livros

Eis algumas das fotos da sua passagem pelo Gabinete a 31 de janeiro de 2020.

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PORTUGUESES DE PAPEL

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Personagens Portuguesas da Ficção Brasileira

No passado dia 9 de outubro, a sala Agostinha da Silva do Gabinete Português de Leitura da Bahia, pareceu muito pequena em face dos seus ilustres convidados

Estava a acontecer a 7ª Jornada Regional sobre Personagens Portuguesas da Ficção Brasileira “Portugueses de Papel”.

Logo no início da página do projeto, podemos ler:

Não faltando razão a Ortega y Gasset(1) ao afirmar que o colonizador europeu se tornou um homem novo quando se fixou no Novo Mundo, posto que a adaptação a um ambiente diferente e a um novo tipo de sociedade e de economia, assim como o contacto com outros grupos humanos e outras culturas experiências, fatalmente o modificaram, são, sem dúvida, profundas as diferenças que, bem cedo, o separaram das populações locais. No caso português, chamam a atenção os aspectos que já no período colonial distinguiram, e até mesmo opuseram, reinóis e mazombos.”

A figura do português emigrado para o Brasil, desde a colonização até à atualidade, tem sido amplamente estudada pela História e pela Sociologia. Tais estudos indicam, com frequência, uma polarização entre a figura do colonizador rico e explorador, que, por vezes, regressa à terra natal, e a do português pobre e rude, que se foi integrando nas camadas subalternas da sociedade brasileira. Embora se saiba que, desde sempre, a ficção brasileira inclui numerosas personagens portuguesas, o mais das vezes «emigradas» para o território americano, parte integrante de Portugal até à declaração de Independência do Brasil – ocorrida a 7 de setembro de 1822 – não se encontram, até ao momento, estudos aprofundados e abrangentes sobre o assunto.

Assim sendo, o Grupo de Investigação 6 do CLEPUL(2) e a Cátedra Infante Dom Henrique, do mesmo Centro, criaram um projeto que visa levantar e estudar as personagens da ficção brasileira que, nascidas em Portugal, transitaram temporária ou definitivamente para o território brasileiro, antes ou depois da separação do Brasil do Império colonial português. O objetivo principal deste projeto é a construção de um dicionário online com verbetes em que se analisa a representação das personagens portuguesas na ficção brasileira.

Sob a Coordenação Geral dos professores doutores Vania Pinheiro Chaves (CLEPUL), Ana Maria Lisboa de Mello (PUCRS), Jacqueline Penjon (Sorbonne Nouvelle) e Tania Martuscelli (University of Colorado), o dicionário em causa integra uma Comissão Científica formada por numerosos especialistas na matéria e congrega uma ampla equipe de pesquisadores pertencentes a diversas Instituições e Universidades nacionais e estrangeiras.

O público manifestou um interesse acrescido nas apresentações e representações desses “Portugueses de Papel, na produção romanesca brasileira da sua origem até à atualidade.

Eis o link para a reportagem fotográfica:https://photos.app.goo.gl/WxW1QJ11XahFdg6T9

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Boas-vindas aos novos sócios do Gabinete

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Passava pouco das 9 horas da manhã de um sábado (21 de setembro), quando o Presidente em exercício do Gabinete Português de Leitura da Bahia (Abel Travassos), deu início ao discurso de boas-vindas aos novos sócios da entidade.

Clique aqui, para ir para a reportagem fotográfica do evento

O disco solar brilhava sobre o céu da cidade de Salvador, a Praça da Piedade vivia o seu reboliço natural das manhãs de sábado, mas, dentro do Edifico do Gabinete, a atenção e a expectativa eram regra.

Além do Presidente, dos novos sócios e seus familiares, estavam também presentes os funcionários, Vice-Presidente e alguns Diretores da instituição.
Ali, os discursos proferidos pelo Presidente, Vice Presidente (Luis Guilherme Pereira) e Diretor de Cultura (António Cunha), foram no sentido de evidenciar o prestigio e a responsabilidade de sermos sócios de uma instituição como esta, ilustrar a importância do Gabinete no contexto histórico de defesa da cultura e da língua portuguesa na Bahia ao longo do tempo, enquadrar as várias personagens ilustres que por ali passaram, enumerar os diversos projetos que estão a acontecer e, de outros, que se preveem que ocorram num futuro próximo, sem esquecer de enumerar as dificuldades e as necessidades atuais.

Fez-se uma visita guiada às instalações, que teve como ponto máximo, a interpretação musical ao Piano, de autores clássicos, por um desses novos sócios.

Graças também a eles, a cultura e a língua portuguesa passaram a contar com mais alguns defensores entusiastas.

Augustina Bessa

Morreu Agustina Bessa-Luís, a escritora que elevou a literatura portuguesa a um outro nível

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A primeira palavra que vem à cabeça quando se recorda Agustina Bessa-Luís é “escritora“. Depois, é impossível não se pensar na cidade do “Porto“. A seguir “Sibila“, o seu terceiro livro, no qual a protagonista tem o dom de influenciar a vontade dos que a cercam. Quase que se poderia dizer desta capacidade da personagem que se assemelha à da própria escritora, já que a ninguém passava despercebida tal era o modo como a sua personalidade se impunha em qualquer espaço.

Agustina Bessa-Luís morre aos 96 anos, a meia centena de quilômetros da Vila Meã que a viu nascer a 15 de outubro de 1922, depois de ter assistido e participado em muitos acontecimentos das últimas décadas da sociedade portuguesa. Tal como acontecia no romance Sibila, onde ao narrar grande parte de um século da história do país, 1850 a 1950, uma época que se tornava um arquivo de factos que lhe proporcionaram muitas histórias da História. Que desfazia qualquer parecença com o título da sua primeira obra de 1948, a novela Mundo Fechado, porque, apesar de muito do seu mundo se situar em grande parte no cenário do Douro e do Minho, abriu-o a narrativas fascinantes como seria As fúrias (1977), a contos em A Brusca (1971), a romances históricos como A Monja de Lisboa sobre Maria da Visitação (1985), a biografias como a de Santo António (1979) ou Marquês de Pombal (1981), a ensaios como os de Dostoievski e a peste emocional (1981) ou Camilo e as circunstâncias (1981), a várias peças enquanto dramaturga como Garrett: O eremita do Chiado (1998), a oito adaptações ao cinema por Manoel de Oliveira e uma de João Botelho, a autobiografia O Livro de Agustina (2002), o relato de viagem Embaixada a Calígula (1961) e ainda na literatura infantil, como Dentes de rato (1987), entre outros títulos em cada um destes gêneros.

O estilo de Agustina pertencia, segundo classificava o pensador Eduardo Lourenço, à corrente neorromântica, em muito influenciado pela obra de Camilo Castelo Branco. Mas a sua vida também continha inúmeros episódios que rivalizavam com as invenções daquele escritor, afinal o seu pai deixara a família de lavradores e com 12 anos de idade emigrara para o Brasil. Aí, fez fortuna, tendo regressado e iniciado uma vida profissional nas áreas do espetáculos e do jogo que também inspiraram a escritora. Por seu lado, a mãe descendia de uma espanhola de Zamora. Como os pais mudavam de residência frequentemente, Agustina encontrou a paz na infância e na adolescência nas férias que passava na região do Douro, na casa do avô, que tinha uma boa biblioteca. Grande leitora dos clássicos franceses e ingleses, rapidamente o romance a seduz, sendo que se dedica às experiências na escrita ainda muito nova. Designadamente com dois romances em que usa o pseudônimo de Maria Ordoñes, intitulados Ídolo de Barro e Deuses de Barro.

Também no casamento a sua vida é diferente, pois casa em 1945 com o homem que lhe respondera a um anúncio que pusera no jornal em busca de uma pessoa culta para se corresponder. Como Alberto Luís estuda Direito em Coimbra, viverão aí alguns anos, mais três em Esposende e depois, para sempre no Porto.

Tão diferente da maioria dos autores nacionais, também o foi no ritmo de publicação, pois era raro o ano em que não editava um ou mais livros. A sua longa obra faz a escritora receber a maioria dos importantes prêmios literários nacionais para as obras, o primeiro, Delfim Guimarães, em 1953, e o último, o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 2001, a par de mais treze distinções. Enquanto escritora também ganhou vário prêmios, o primeiro em 1975, o Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, e o mais recente, em 2005, no Festival Grinzane de Cinema, em Turim, entre outros seis entretanto.

Além da literatura, a autora pertenceu ao conselho diretivo da Comunidade Europeia de Escritores em 1961 e 1962, foi diretora do jornal O Primeiro de Janeiro entre 1986 e 1987, responsável pelo Teatro Nacional D. Maria II entre 1990 e 1993, e membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social, além de pertencer às academias de Ciências, Artes e Letras de Paris, da Brasileira de Letras e das Ciências de Lisboa.

Como que num coroar da sua carreira, em 2004, foi-lhe concedido o Prêmio Camões. Justificação: “o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum“.

A escritora estava desde julho de 2006 ausente da vida pública devido a problemas de saúde. Antes, publicara o seu último livro: A Ronda da Noite. Uma coisa é certa, sem Agustina Bessa-Luís, a literatura portuguesa ficou hoje muito mais pobre.

Adaptação de um texto de João Céu e Silva

Outra publicação do Gabinete Português de Leitura da Bahia, sobre a autora:
http://gabineteportuguesdelehttp://gabineteportuguesdeleituraemsalvador.blogspot.com/2018/03/agustina-bessa-luis.htmlituraemsalvador.blogspot.com/2018/03/agustina-bessa-luis.html

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Visita de 2 Técnicos Especialistas em Documentação da Biblioteca Nacional de Portugal ao GPL da Bahia

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Estiveram em Salvador, dois Técnicos Especialistas em Documentação da Biblioteca Nacional de Portugal, e teve como objetivo maior, avaliar o espólio literário destes Gabinetes de Leitura e Grêmio Literário e, de estudar a possibilidade de digitalizar os seus exemplares mais relevantes e raros.

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